A MINHA ODISSEIA...

quinta-feira, julho 26, 2007

Uma bela música para este Verão...

DROPS OF JUPITER

Now that she’s back in the atmosphere
With drops of Jupiter in her hair, hey, hey…
She acts like summer and walks like rain
Reminds me that there’s time to change, hey, hey…
Since the return of her I’ve stay on the moon
She listens like spring and she talks like June, hey, hey…

But, tell me, did you sail across the Sun
Did you make it to the Milky Way to see the lights all faded
And that heaven is overrated

Tell me, did you fall from a shooting star
One without a permanent scar
And did you miss me while you were looking for yourself out there?

Now that she’s back from that soul vacation
Tracing her way through the constellations, hey, hey…
She checks out Mozart while she does “tae-bo”
Reminds me that there’s time to grow, hey, hey…

Now that she’s back in the atmosphere
I’m afraid that she might think of me as “plain ol-jane”
Told a story about a man who is too afraid to fly so he never did land

But, tell me, did the wind sweep you off your feet
Did you finally get the chance to dance along the light of day
And head back to the Milky Way
Tell me, did Venus blow your mind
Was it everything you wanted to find?
And did you miss me while you were looking for yourself out there?

Can you imagine no love, pride, deep-fried chicken…
Your best friend always sticking up for you, even when I know you’re wrong
Can you imagine no first dance, freeze dried romance, five-hour phone conversation…
The best “soy-latte” that you ever had . . . and me…

But, tell me, did the wind sweep you off your feet
Did you finally get the chance to dance along the light of day
And head back toward the Milky Way?

Tell me, did you sail across the Sun
Did you make it to the Milky Way to see the lights all faded
And that heaven is overrated

Tell me, did you fall from a shooting star
One without a permanent scar
And did you miss me while you were looking for yourself?

La la la la la la la….. La la la la la la ala….

And, did you finally get the chance to dance along the light of day?
And, did you fall from a shooting star? Fall from a shooting star…

And now you’re lonely looking for yourself out there…


“Drops of Jupiter” - TRAIN

terça-feira, julho 10, 2007

PARABÉNS, CORTO MALTESE..... Meu Herói...






Corto Maltese nasceu em Malta em 10 de Julho de 1887 filho de uma cigana de Sevilha, belíssima e admirável dançarina de flamenco. A lenda diz que o pintor Ingres esteve perdidamente apaixonado por ela, ao ponto de lhe ter feito um vibrante retrato. O seu pai era um marinheiro britânico, originário da Cornualha, descendente de uma família que tinha por tradição não se alistar na Royal Navy. O pai de Corto, um marinheiro ruivo e de porte poderoso tinha três paixões - o mar, o whisky irlandês e as lendas célticas. Não se sabe ao certo quando morreu. Alguns afirmaram que desapareceu no mar, outros que foi assassinado em Cantão, por membros de uma tríade chinesa e por fim houve quem jurasse que terminou os seus dias numa briga sórdida na Austrália. Sabe-se é que frequentou todos os portos do mediterrâneo em múltiplas escalas, tendo numa dessas conhecido a bela cigana de Sevilha, tendo-a seduzido com o seu mau espanhol, contando-lhe lendas do seu país cheias de brumas e sons estranhos.

Cerca dos 10 anos de idade, Corto e a sua mãe foram viver para Córdova, numa casa com um pátio cheio de flores coberto de azulejos árabes. Era lá que Corto lia, escrevia, aprendia espanhol e hebraico, se iniciava no árabe enquanto se esforçava por não esquecer o inglês do seu pai, sempre ausente no mar.

Por essa altura, uma cigana vidente, amiga da sua mãe ao ler a sua mão esquerda constatou que Corto não tinha a linha da sorte marcada. Este, chocado com a descoberta, mal chegou a casa, pegou numa lâmina e de um só golpe traçou a sangue a linha da sorte de uma forma quase perpendicular às linhas do coração e da cabeça – “ A minha sorte sou eu quem a faço”, terá dito.
Aos doze anos Corto partiu para Malta com Ezra Toledano um rabino místico e profundo conhecedor da cabala que transmitiu os seus segredos ao jovem. Graças a Ezra, muito cedo Corto teve uma visão cósmica do universo numa cultura miscigenada pela poesia e lições das Santas Escrituras das bíblias hebraicas da renascença e também pelas canções e lendas celtas de seu pai.

A personalidade do jovem Corto desenvolveu-se entre as divindades quotidianas de místicos templos desconhecidos debaixo do sol abrasador de Malta, os livros do seu pai, a bíblia do seu mestre e as histórias sobrenaturais contadas pelos marinheiros no porto de Malta. O seu destino estava traçado para a aventura humanitária, para o imprevisível apelo do mar, feito de inspiração algures entre o sagrado e o profano.

No ínicio de 1904, Corto tinha 17 anos e decide embarcar numa escuna que fez escala em La Valette e que tinha como destino a ásia, passando pelo canal de Suez. Ao largo de Alexandria o telégrafo da escuna recebe a notícia do ataque dos torpedeiros japoneses contra a esquadra russa. Corto permanece até fevereiro no Cairo e em plena guerra russo-japonesa reúne-se aos seus companheiros da escuna e prossegue viagem através do mar vermelho, com escala em Aden, Bombaim, Madras, Singapura, Xangai e Tientsin, onde Corto toma a caminho para Pequim. Pouco tempo depois está na Manchúria, perto da fronteira coreana, no coração dos combates entre russos e japoneses. É aí que trava conhecimento com um jovem jornalista americano, Jack London.

Em 1905 Corto embarca para África, tendo como companheiro de viagem um homem com que se irá cruzar mais tarde noutras aventuras, o russo Rasputine, anarquista e meio louco. A viagem escala Xangai, Hong-Kong, Filipinas e Jacarta. No mar das Célèbes há um motim a bordo, mas Corto, fiel ao seu princípio de intervenção mínima em situações que não lhe digam respeito, assiste à rebelião e acaba com outros marinheiros e Rasputine num bote em pleno oceano, onde são recolhidos por um cargueiro com destino ao pacífico que os deixa em Valparaíso, no Chile. Daí partem de comboio para Santiago e encontram-se um mês depois na Argentina. Aí travam conhecimento com um dos personagens mais fascinantes da história da América, Butch Cassidy que fazia parte de um bando de foras-da-lei, antigos pequenos criadores de gado arruinados pelos grandes barões do gado. Roubavam os animais aos grandes proprietários e distribuíam-no pelos pequenos criadores, aparecendo como uns Robins dos bosques contemporâneos.

Corto esteve depois na Europa, mas não há qualquer referência dos seus passos e volta à Argentina instalando-se em Buenos Aires, onde reecontra Jack London e conheçe um futuro escritor, Eugene O´Neill.

Entre 1908 e 1913, Corto continua a sua errância pelo mundo, baralhando as pistas, partindo de um porto quando o julgavam noutro. Poderá ter passado por Marselha, Tunísia e Londres, mas não é certo.

Em 1913 Corto encontra-se ilegal na Indonésia, com um bando de piratas. Mas não é um bom pirata. Prefere a liberdade, a descoberta, a amizade, até o ócio e rejeita a matança e o assassínio. Um pouco de contrabando e tráfico de armas são suficientes para o fazer feliz, saltando entre os arquipélagos indonésios.
O ano de 1914 passa-o Corto ainda no pacífico na ilha Escondida, juntamente com Rasputine e aquela que foi a sua grande paixão, Pandora, participando esporadicamente nalguns combates contra os alemães, tendo em 1915 seguido para a ilha Pitcairn, depois de dois meses de navegação.

A partir desta altura as aventuras de Corto Maltese são-nos apresentadas por Hugo Pratt em forma de BD. O seu primeiro álbum, "Balada do Mar Salgado" surge em Julho de 1967, situando a acção exactamente entre 1913 e 1915.
Seguir-se-iam até à Morte de Pratt em 20 de Agosto de 1995, mais cerca de 25 álbuns que nos descrevem de uma forma absolutamente magistral as aventuras deste marinheiro misterioso e irónico, possuidor de uma enorme maturidade, cultura e sentido humanitário, sempre alinhando com os fracos e desprotegidos mas sem nunca transmitir lições de moral e que percorre os 4 cantos do mundo, desde o pacífico (A Balada do mar Salgado), passando pela Sibéria (Corto Maltese na Sibéria), Turqueistão (A casa dourada de Sarmancanda), África (As Etiópicas, 4 volumes), Europa, América Central e do Sul.

Pratt, juntamente com a personalidade inconformista de Corto Maltese, o seu sentido universalista de quem percorre o mundo de uma forma elegante e marginal ligando o que há de comum entre as pessoas e os povos, deixou-nos também uma extensa e rica galeria de personagens, de onde poderíamos destacar, para além dos marcantes Rasputine e de Pandora, Morgana - deusa das águas na tradição celta, Boca Dourada - vidente e sacerdotisa sul-americana, Tiro Fixo - cangaceiro do sertão, Jeremiah S. - professor, alcoólico e intelectual nascido em Praga, protegido de Corto, entre muitos outros. Mas também todo o ambiente geral, o mar, os atóis e as ilhas são personagens importantes das suas aventuras.

A nível estético e gráfico, Hugo Pratt apresentou sempre o seu alter ego, Corto Maltese com um desenho genial e belíssimo, de traço depurado e consistente, cheio de silêncios e ausências, debaixo de um jogo de sombras a preto e branco poderoso e inimitável, que terão talvez o seu esplendor na "Fábula de Veneza", bem como as belíssimas aguarelas das capas e por vezes das introduções. Pratt deixou este mundo sem concluir a biografia de Corto, que supostamente terminaria com a sua morte na guerra civil de Espanha, combatendo contra as tropas de Franco.

Corto Maltese - o maior de todos os heróis da BD contemporânea.















quarta-feira, julho 04, 2007

Uma pérola de um amigo para um Adeus...


“TRÂMITES DAS DESPEDIDAS”

"Lembro o teu sorriso na chuva miudinha de Março, nesta que hoje cai sobre este mundo daqui e que na minha pele quente se confunde com gotas de suor. Queria-te no meu hemisfério, neste lado do mundo que é o meu, mas não estás. Então imagino-te e sento-me no cais com as pernas balançando no vazio sobre as águas calmas e cheias de vida, sorrindo um sorriso de saudade imensa. Uma brisa ocorre visitar-me de vez em quando, trazendo um aroma que imagino que seja o do teu corpo…

Este sou eu para ti, tentando ser maior que o mundo, e com um gesto das mãos recompondo a posição das estrelas no espaço – que pretensão! Olho quem passa, tentando adivinhar-lhes os percursos, como num exercício sábio de me afastar de mim, de me deixar partir deste cais para outro qualquer lugar onde nunca estive, para o tal outro hemisfério de que já ouvi falar tanto mas que desconheço. Amo tanto este lugar que quero partir daqui para não mais regressar.

Hoje apetecia-me conhecer-me, saber como sou por dentro, dissecar-me sob a luz forte de uma mesa de observações, mas isso foi algo que nunca me foi permitido. Desejo uma biopsia das minhas emoções com consequente relatório e indicações terapêuticas.

Canto uma cantiga antiga de embalar, baixinho, tão baixo que nem me dou conta de a murmurar. Aprendi-a do meu pai quando criança e ao lembrá-la sou criança uma vez mais, e sonho, e inclino-me para trás e deito-me assim no cais, com as mãos por trás da cabeça e com a chuva caindo-me directamente na face, nos olhos, ensopando o meu corpo e as roupas que o cobrem, um corpo esquecido que já não me pertence mais. Olho o céu cinzento e a chuva que cai, deitado no calor do amanhecer, com o sorriso que me vai acompanhar desde hoje até ao fim da minha vida. E tudo isto para quê? Não sei bem. Não estou certo do que digo nem sequer se tenho alguma coisa para dizer, mas nunca aprendi a partir, nem os trâmites e legalidades das despedidas, e por isso penso em ti, assim, aqui deitado à chuva, para que ninguém que possa por aqui aparecer note que são lágrimas que me escorrem pelo rosto.

Está feito! Tudo o que tenho não quero, tudo o que sou não me pertence mais, e se rio ou se choro é apenas porque sou livre para o fazer! Tudo isto foi escrito numa mensagem que lancei numa garrafa ao mar, para que talvez ela possa encontrar o caminho de casa e dar notícias de que me encontro bem. Sabes, tudo não passa de chuva, e essa não ficará para sempre."

Celso Rosa – Março 2007 www.my-emotional-self.blogspot.com